CONTEMPLAÇÕES INACIANAS (Nº 4): Modo de orar simples

Pe Manuel Eduardo Iglesias, sj

O modo de orar que chamamos de “contemplações inacianas”, para distingui-lo de outros tipos de contemplação no âmbito da espiritualidade, temos que entender que não foi inventado por santo Inácio de Loyola, mas sim formulado e divulgado a partir dos Exercícios Espirituais. No aprofundamento da Palavra de Deus revelada, muitas pessoas vivenciam, como algo natural, diversos elementos deste tipo de contemplação sem lhe dar esse nome.

A primeira vez que as pessoas exercitam este modo de orar podem se perguntar se ele é simples ou complicado. Certamente que existem pessoas que têm mais facilidade para imaginar cenas, lugares e pessoas. Em geral as crianças têm muita facilidade para usar a imaginação, e as mulheres mais do que os homens. Tudo isto é relativo e, como todo exercício, é exercitando que a pessoa adquire maior facilidade. Nos dias de oração em que é proposto este modo de orar, na avaliação do retiro, muitas pessoas dizem ser a primeira vez que lhes foi falado deste modo de orar e quase todas aproveitam. Muitas declaram que nem sabiam que se podia rezar assim!

A contemplação inaciana ocupa lugar privilegiado nos EE. Quando estes são realizados retirados durante trinta dias em clima de silêncio, tudo ajuda para uma concentração maior e uma sintonia com os sentimentos, palavras e gestos de Jesus. A pessoa exercitante desenvolve suavemente uma atitude mais passiva ou “contemplativa” diante de Jesus e das pessoas com que ele se encontra nas cenas evangélicas. Esta atitude “contemplativa” fará com que a pessoa que se familiariza com este modo de orar tenha mais facilidade na vida cotidiana para sair de si e prestar mais atenção nas pessoas com quem se encontra. Não pensa na sua exterioridade, mas sim especialmente no seu mundo interior. Quem é contemplativo na oração tem tudo para ser igualmente contemplativo na ação e na convivência social. Familiarizado com o modo de ser, de agir e reagir de Jesus, mesmo sem se perguntar explicitamente, imediatamente se questionará: o que faria Jesus no meu lugar?

O uso da imaginação é sem dúvida um dos pontos fortes deste modo de orar contemplativo, tão privilegiado nos EE. A imaginação trabalha em cima de um texto bíblico. Quem ora lê uma ou várias vezes o texto, pode até sublinhar algumas palavras que lhe chamam a atenção e para onde se sente tocado, sem pressa para passar adiante, enquanto a imaginação vai acompanhando os sentimentos, pensamentos e apelos que surgem.  A pessoa entra na cena, participa, observa, dialoga e agradece.

Um momento importante em dias de oração é o dedicado a uma partilha em grupos. É uma extensão da oração enriquecida com as experiências dos participantes. Todos os participantes aprendem uns dos outros. Exercitam a atitude de escuta e de abertura do que o Senhor vai comunicando a cada pessoa. Estas partilhas de oração e de vida são uma força comprovada de união e de crescimento comunitário.

Qual é a sua experiência neste modo de orar?

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